terça-feira, 8 de setembro de 2009

(Em homenagem a um cachorro de rua, que perpetuou meu olhar)


Rua

Rua rasteira,
solene, escura, quieta...
Rua sem fala.
Rua obscura.
Massa cinzenta sobre covas enterradas.
Passa o ferro, roda e dor e,
o cão solitário bordeja na rua...
A rua da monotonia.
Em suas encruzilhadas,
passa a juventude escaldante.
Uma reta secante.

Escuta-se lágrimas,
Escuta-se sorrisos e gritos.
Escuta-se desespero.
Escuta-se desespero.
Escuta-se afego na rua da morte,
A rua assassina.
A rua demente, rua vazia.
A rua sem sentimentos...

Passa gente, passa a hora...
Passam os vivos, vagam os mortos...
Ninguém vê a marca,
a prova,
ninguém escuta.
E tudo segue só,
na rua do silêncio...

Passa o vento, esfria a dor.
Mas o sentimento
que guardo no peito,
foi de quem viu e,
não se esqueceu.

Talvez um dia,
vagará sozinho na rua.
Mas qual rua?
A rua escura, a rua sozinha.

A RUA DA AMARGURA... Zédu 3/01/02

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