domingo, 22 de novembro de 2020

 Era apenas mais um dia, revirado no passado, em que meu corpo falava: Vá embora! Você, já fez sua parte, está tudo certo! As paredes dobravam-se entre lados e, nossos olhos permaneceram fitados na mesma cena concreta. Os esconderijos de nossos bolsos revelaram tantas conquistas obscenas. Erámos tão jovens, vulgares nos ares. Já conhecíamos a vida dita, e, nossa sorte fora nos trocarmos por certos entendimentos, mas a face da chuva nos arrancávamos entre outros braços. Sim, te larguei nas ruas malditas e malversadas, precisando respirar as neblinas da noite herma. Sei que fomos singulares na intenções declaradas, no derradeiro instante, em que o risco sempre nos agradou aos ouvidos. Seu corpo de luminosidade, marcado pelas projeções sinceras de ser, que me fizeram massagear suas costas nuas, preenchendo seu dorso selvagem com as garras de fera, pois era apenas mais um dia, em que o óbvio desejo serrava nossa garganta seca, à procura da voz acalenta dos anseios vivazes. Tínhamos nosso amor, nos limbos sujos das ruas, mas a ira de nosso ódio era apenas o que nos permitíamos arrancar junto ás roupas, e, ao festejarmos nosso encontro, nunca nos importamos em sermos coerentes, pois à cada dia, vestimos a sintonia marcada de nossa alma. Assim, praticamos nossos actos, sujeitos a elos de fuga, na cavidade do que fomos afim. Ao percorrer seu corpo, me deparei com a plenitude do tempo, reservado ao passado, ao presente e ao futuro, com as pontas dos dedos. Era apenas mais um dia, que rimava na paz, chamado eternidade...